Memento mori

Memento mori, de Muriel Spark


Data de aquisição e modalidade: desconhecida, entre 2012 a 2013, sebo.
Data de início: 13/01/2014
Data de término: 14/01/2014
Nota: 3/5

Antes de tudo, Memento mori é uma expressão latina que significa algo como “lembre-se de que vai morrer” - frase que vários velhinhos ouvem por meio de uma ligação telefônica desconhecida. Um a um, os velhinhos recebem a mesma mensagem, cujos remetente e objetivo cabe a cada um de nós atribuir.

Achei que o enredo teria algo de detetivesco, uma caçada ao autor das ligações, mas a intenção da autora não é essa: os velhinhos recorrem à polícia, mas esta faz pouco caso deles. Afinal, tramas como essa existem aos montes. Creio que a intenção aqui seja a de mostrar o lado humano da terceira idade, suas dificuldades do cotidiano - fazer um chá se torna uma tarefa quase hercúlea -, as doenças que assolam o corpo sensível, a solidão proveniente da ausência ou abandono familiares, a preocupação financeira - quem irei privilegiar em meu testamento? - e, claro, a proximidade da morte, essa nossa desconhecida sempre tão presente.

A reflexão sobre a morte, no entanto, não é discutida pelos velhinhos. Eles estão tão absortos pelos problemas já citados, que não se dão conta (ou não querem se dar conta) do desconhecido, afastam a ideia de si, e esse fato me decepcionou um pouco no livro, apesar de compreender que é totalmente plausível que isso ocorra. Não é preciso ser idoso para saber que a morte pode bater à nossa porta a qualquer instante, mas mesmo assim, nos recusamos a pensar sobre ela.

O grande número de personagens me confundiu um pouco, às vezes ocorria um fato e depois eu não lembrava mais de com quem tinha sido, tinha que ficar voltando as páginas e procurando, rs.

Gostei das partes que falam sobre a possibilidade das outras pessoas ao nosso redor existirem (conversa da mocidade de Jean e Alec) e sobre a percepção do mal, por Charmian ainda jovem. São dois temas com os quais eu me identifico. O primeiro foi abordado um pouco mais profundamente, mas o segundo foi apenas pincelado. 

Tenho pouca experiência com velhinhos, não convivi com nenhum de meus avós, ouço experiências nada amistosas de colegas com seus gênitores na terceira idade, e, no entanto, vi, num curto período de tempo, a avó materna de um ex-namorado meu, com mais de oitenta anos, bem disposta e muito lúcida; assim, não pude me identificar com muito do relatado, apesar de agora fazer uma boa ideia do que aguarda a todos nós (“a não ser que você morra jovem”, como diz a minha mãe). Apesar de tudo isso, a história não foi capaz de me cativar totalmente. Não me desagradou, mas não está na lista das histórias que mais estimo.

1 comentários:

Anônimo disse...

que bacana! tenho uma tattoo escrita Memento mori... mas nem tenho 60 anos... ehehe

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